Juntem-se. Por Peter Bampton
A ideia principal que quero transmitir é que o nosso verdadeiro potencial como seres humanos só pode ser liberto se nos virmos e experienciarmos quem somos como parte de um desenrolar evolutivo muito vasto.
De forma simples, isto significa que reconhecemos que estamos aqui por um motivo infinitamente maior que a nossa própria felicidade pessoal ou até libertação espiritual pessoal. Porquê? Porque começamos a ver e experimentar a grandiosa e libertadora verdade de que a nossa capacidade mais profunda para a felicidade, liberdade, criatividade e carinho emerge quando nos envolvemos na vida transcendendo a orientação pessoal.
Porque a orientação e revelação da espiritualidade evolucionária é dirigida a um surgimento colectivo em vez da iluminação pessoal, pode ter um impacto profundo no potencial das relações humanas. Este potencial é o que exploramos e vivemos no Projecto Vida Desperta e é isto que nos ilumina com uma paixão e propósito profundos. Por isso, aqui ofereço algumas refleções sobre o assunto …
Todos os problemas da humanidade e a actual crise convergente podem ser explicados pelo facto de que não confiamos uns nos outros e não queremos juntar-nos. A consciência egoica é o “sistema operativo” actual da humanidade e então o “status quo” das relações humanas é que estamos todos fundamentalmente separados e temos personalidades, nações, raças, etc… únicas. Todos vivemos dentro da nossa própria pele e tudo o que está do lado de fora, sejam pessoas ou objectos, é fundamentalmente externo e não tem nada a ver connosco!
Sendo o ego encapsulado pela pele, temos uma história pessoal distinta e um passado cultural, as nossas próprias crenças e opiniões pessoais, coisas que gostamos e não gostamos, esperanças e medos, etc… As relações humanas usualmente acontecem quando encontramos uma “semelhança” com outra pessoa a algum nível e em qualquer grau. Então as relações mais profundas geralmente envolvem ir conhecendo uma pessoa ao nível pessoal durante um longo período de tempo, e talvez depois possamos realmente confiar. A não ser, claro, que nos apaixonemos à primeira vista, neste caso normalmente descobrimos mais tarde, depois da ilusão romântica passar, se somos realmente compatíveis!
Então, quando procuramos relacionarmo-nos uns com os outros, isto é geralmente um processo, consciente ou inconsciente, de ver se temos suficientes coisas em comum na estrutura das nossas personalidades e pontos de vista para confiar uns nos outros a algum nível e então cimentar a “relação”. Claro,estamos unidos por causa da ligação biológica com os membros da família (e podemos não ter mais nada em comum!), mas a maior parte das outras relações são formadas desta forma e duram desde que sintamos que temos coisas em comum. Mas infelizmente, estas características geralmente mudam com o tempo e então muitas vezes as relações acabam, ou, se acabar é demasiado doloroso para nós, alguns escolhem viver na segurança e conforto superficial do meio termo.
Mas o que acontece se as semelhanças que nos unem não tiverem nada a ver com as nossas personalidades, histórias ou os gostos relativos? E se estas semelhanças forem o Mistério ou Consciência que anima todas as nossas personalidades individuais e de facto, todo o Universo? Porque, afinal, esta é a única característica comum verdadeira e duradoura que poderemos alguma vez encontrar. Isto se estivermos convencidos de que somos todos UM!
Uma coisa é acreditar e falar sobre a convicção de que “somos todos um” e até experimentar essa verdade como uma revelação interna ou “experiência espiritual”, mas é algo completamente diferente estarmos realmente empenhado em manifestar esse UM sendo nós próprios e em relaçãoaos outros. Estarmos juntos como e nesse UM requer muita confiança, coragem e humildade. Porquê? Porque isto desafia o status quo da separação em nós próprios e no espaço conjunto partilhado culturalmente. Requer que estejamos sempre mais interessados na verdade do que na maneira como nos sentimos. Desafia-nos a largar todas as nossas motivações egoístas, as nossas defesas habituais e a nossa preciosa auto-imagem. Temos que estar dispostos a não saber quem somos e ver-nos de novo uma e outra vez. Temos que estar dispostos a largar tudo o que acumulamos para nos convencer a nós mesmos e aos outros de que somos especiais e únicos. O ego necessita sempre de se posicionar numa relação de separação com outro. Sou superior ou inferior? Esta pessoa vai reafirmar a minha auto-imagem ou é uma ameaça? Posso confiar nela? E assim continua o diálogo interno…
Quando começamos a compreender o que é o movimento do ego e como funciona como um mecanismo de divisão que tem as suas raízes no medo, podemos escolher não ouvir essas vozes, o que significa que escolhemos estar mais interessados no que é objectivamente verdade do que nas nossas interpretações subjectivas. Quem escolhe não se identificar com a actividade de separação da mente egoica é nada menos que a consciência ÚNICA que entra no mundo do tempo, do espaço e forma como o nosso ser individualizado e liberto – um ser individualizado que não se identifica com a personalidade ou a necessidade de estar separado!
Então, quando conhecemos outra pessoa por exemplo, reconhecemos que fundamentalmente estamos a encontrarmo-nos a nós próprios, estamos a encontrar outra expressão humana do ser ÚNICO que todos somos. Por isso estamos abertos, estamos curiosos; estamos mais interessados em saber quem esta pessoa realmente é do que estamos interessados na sua personalidade única ou ego (ou quem ela pensa que é!). A nossa relação não é baseada na nossa história (mesmo que nos conheçamos muito bem), é baseada na realidade vivida de que somos UM agora mesmo. Em termos humanos simples isto manifesta-se como uma confiança profunda, comunhão, transparência, e atrevo-me a dizer, essa palavra muito mal compreendida e usada em demasia, AMOR… Mas é um amor que não quer nada para si próprio, que é livre da sentimentalidade e não está associado com a experiência de nenhum sentimento em particular, é um amor que é a expressão do espírito em acção.
Se duas ou mais pessoas conseguirem ter este nível de confiança juntas, abre-se uma porta para um novo potencial para as relações humanas. A necessidade habitual de estar separado, protegido, com medo, ser superior ou inferior pode dissolver-se gradualmente ou instantaneamente. Começamos a experimentar uma nascente de carinho, inocência e alegria extasiante só pelo facto de estarmos juntos. Começamos a experienciar a verdade libertadora de que já somos Um e por isso não precisamos de passar tempo e energia a tentar “criar uma ligação”.
Então a partir desse alicerce podemos explorar tudo o possível, (incluindo a nossa história e personalidade únicas!), porque encontramos a única verdadeira “característica em comum” que há – a base da unidade que transcende e inclui a nossa individualidade. Isto pode acontecer com relações duradouras ou com pessoas que nunca conhecemos antes. Tudo depende de onde está a nossa atenção. Mesmo que a outra pessoa não esteja interessada neste tipo de relação, mas nós nos mantivermos abertos e disponíveis, a nossa abertura pode trazer ao de cima algo mais profundo nela ao longo do tempo.
Então, se queremos ser seres humanos livres nas nossas relações, tudo o que temos que fazer é ver que há sempre uma escolha à nossa frente. Identificamo-nos com a divisão e complexidade do ego em nós próprios e nos outros ou com a unidade e simplicidade de UM Eu Verdadeiro em nós próprios e nos outros? Se nos identificarmos com o primeiro, então as nossas relações vão estar cheias de dolorosa separação e complexidade; e se nos identificarmos com o segundo então as nossas relações vão ser alegres expressões de unidade e simplicidade.
Então agora talvez comecemos a ver o potencial que existe para a “Paz na Terra” e para os seres humanos viverem em harmonia, o que sem dúvida tem grandes e positivas implicações. Mas se nos juntarmos no contexto da “espiritualidade evolucionária” então há implicações ainda maiores e mais positivas. Porquê? Porque reconhecemos e experienciamos que quem todos somos não está separado da energia e inteligência da própria Criação e que essa energia e inteligência quer que criemos um futuro melhor continuamente. Então o verdadeiro valor mais elevado nas relações humanas num contexto evolucionário não é a experiência e manutenção da “paz”, o que implicaria algum tipo de harmonia estática e possivelmente medo do conflito, mas é a experiência e expressão do impulso evolucionário que está sempre à procura da manifestação dinâmica de potenciais mais elevados e profundos. Neste contexto há lugar para conflitos e fricção, mas são conflitos criativos e fricção que procura sempre a manifestação da verdade mais profunda e a expressão do potencial mais elevado em nós próprios e nos outros.
Consegues imaginar experimentar este nível de confiança, liberdade e criatividade sempre renovada com outra pessoa? Consegues imaginar experimenta-lo com muitas outras pessoas? Consegues imaginar não ter qualquer dúvida de que queres estar totalmente presente sendo um meio pelo qual o UM avança para a frente como Criação manifesta? Consegues imaginar viver numa cultura humana em que queremos e esperamos o melhor uns dos outros?
Se consegues então vais sentir o radical potencial existente nas relações humanas em que a expressão criativa individual e liberta e a confiança segura e a comunhão tornam-se um só. Vais sentir que é possível criar uma nova cultura humana desperta, ao nível da consciência, agora mesmo, se estivermos dispostos a pagar o preço!
–Pete Bampton, Janeiro 2012
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Este artigo foi gentilmente oferecido por Pete Bampton (Fonte original).
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